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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Cientista amador tenta desvendar mistério radioativo no RS, mas autoridades negam contaminação

Samuel exibe os dois aparelhos que utiliza em suas medições Arquivo Pessoal

Fábio Cervone, do R7

Nos últimos dois anos, gaúcho registrou picos radioativos em Encantado

Basta chover na pacata Encantado, cidade gaúcha de 20 mil habitantes, para o alerta soar na cabeça de Samuel: é hora de entrar em ação. Portando um contador Geiger-Muller e uma câmera simples nas mãos, o jovem se transforma em um caçador de radiação.

Foi dessa forma que, nos últimos dois anos, o gaúcho gravou mais de cem vídeos que mostram, supostamente, índices elevados de radiação na cidade do interior do Rio Grande do Sul.

Seu aparelho eletrônico já registrou picos de até 86 uSv/h (microsievert por hora, unidade para medir radiação), resultado considerado muito alto. Apesar da “descoberta”, autoridades brasileiras e especialistas nucleares constataram que a região de Encantado não corre riscos de contaminação.

A aventura de Samuel Dal Pizzol, de 30 anos, começou em março de 2011, após o desastre nuclear na usina de Fukushima, no Japão. Desde então, ele tem estudado por meio da internet os efeitos da radiação e da energia nuclear no meio ambiente.

Para isso, o jovem aderiu a uma rede internacional conhecida como Radiation Watch (Vigilantes da Radiação). O grupo possui uma página no Facebook na qual Pizzol e dezenas de cientistas amadores e profissionais, além de ativistas e curiosos, publicam seus resultados e discutem o tema.

Preocupado em como o acidente de Fukushima poderia afetar o meio ambiente e a saúde das pessoas, Pizzol fez uma “vaquinha” entre amigos e comprou, por aproximadamente 200 dólares (R$ 436), um aparelho russo Geiger-Muller da marca SOEKS, medidor de níveis de radiação.

Desde então, o gaúcho começou a publicar seus achados em vídeos no Youtube e a denunciar os resultados em vários âmbitos, o que chamou atenção de cientistas nucleares e até das autoridades brasileiras.

Especialistas e autoridades negam contaminação

“Olhando para os números [índice de radiação registrado], eles estão altos. A gente não espera nada maior que 0,2 uSv/h (microsievert por hora)”, diz a professora Elizabeth Yoshimura, do Departamento de Física Nuclear da USP (Universidade de São Paulo).

A especialista se disse surpresa após assistir aos vídeos do gaúcho, mas negou que o material comprove qualquer contaminação local. Ela ainda levantou dúvidas sobre a descoberta, já que, nas gravações, o aparelho detecta a radiação apenas quando se aproxima da água parada, mas não no ambiente em geral.

— É estranho que a radiação do ambiente não esteja tão alta também. Eu também não sei da confiabilidade do equipamento.

As descobertas de Pizzol também chegaram ao cientista britânico Christopher Busby, ex-secretário do comitê europeu sobre riscos radioativos e atualmente pesquisador da Universidade Jacobs em Bremen, na Alemanha.

Busby considerou excessivamente altos os níveis de radiação identificados pelo brasileiro, mas não acredita que seja oriundo do desastre nuclear japonês.

— Não é nada normal registrar 86 uSv/h (microsievert por hora). O equipamento do Samuel não é o melhor, mas certamente funciona. Só que a radiação não deve vir do Japão, e sim do subsolo.

O cientista britânico chegou a receber uma amostra do material supostamente radioativo encontrado em Encantado. No entanto, o especialista não detectou os índices de radiação apontados nos vídeos.

O Ministério Público, em conjunto com a CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), examinou as denúncias de Pizzol em março deste ano, deslocando uma comissão de especialistas baseada em Poços de Caldas (MG) até Encantado.

Segundo a CNEM, não foram encontrados sinais de contaminação que motivassem maiores investigações. O documento oficial ainda aconselha o jovem a calibrar seu aparelho de medição.

Vigilante por natureza

Mesmo diante dos resultados oficiais, Pizzol afirma que não deixará de ser um vigilante da radiação. Para ele, há algo de errado no equilíbrio natural do mundo e, consequentemente, isso afeta a região onde vive.

A partir do conhecimento aprendido na internet, o jovem desenhou suas próprias teorias, costurando dados de suas medições com informações meteorológicas. Uma delas aponta uma corrente de ar, conhecida como Jet Stream (corrente de jato), como responsável pela dispersão da radiação liberada em Fukushima. Para Busby, no entanto, essa possibilidade é bastante improvável.

Apesar desses reveses, e ainda intrigado com suas descobertas, Pizzol continua investindo tempo e dinheiro para entender o fenômeno.

Recentemente, o gaúcho adquiriu um espectrômetro — que identifica a composição dos materiais radioativos. Ele afirmou ainda ter calibrado os seus equipamentos com ajuda de especialistas estrangeiros.

Para Pizzol, muita coisa ainda precisa ser explicada. O “caçador” continua registrando “ondas” de radiação com seus aparelhos e mantém o hábito de coletar amostras do solo, de algumas plantas “deformadas” da vizinhança e, claro, das chuvas de Encantado.

Fonte: R7

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