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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Arsênio no Arroz pode causar danos Genéticos e Câncer


Fui alertado por uma leitora do blog sobre o problema do nível de arsênio no nosso arroz de todo dia. Você encontra abaixo um trecho que traduzi do artigo da Discovery Magazine “Toxina encontrada na maioria Arroz EUA provoca danos genéticos“. Este é o primeiro estudo a correlacionar o arsênio do arroz com danos genéticos e câncer.

Após questionar se este seria um problema também para o Brasil, esta mesma leitora também me enviou o artigo que também reproduzo mais abaixo, da USP, intitulado “Estudo detecta nível expressivo de arsênio em arroz“.

Pelas minhas contas (a conversão destas medidas dá um nó na cabeça) o arsênio encontrado no arroz no Brasil (222 ng/g ou partes por bilhão/ppb) ainda está bem abaixo do mínimo que foi encontrado causar danos genéticos e câncer (2mg/kg, 2 partes por milhão, ou 2000 ppb), isto é 1/10. Fiquem a vontade para me corrigir, afinal química não é a minha área e já são 5 da matina.

Toxina encontrada na maioria Arroz EUA provoca danos genéticos

Distinguindo as células danificadas

Pesquisadores da Universidade de Manchester e do CSIR-Instituto indiano de Biologia Química estudaram 400 pessoas que vivem na região de Bengala Ocidental da Índia, para as quais o arroz era um alimento básico, mas que não foram expostos ao arsênico através de outras fontes, tais como água potável.

Eles coletaram urina das pessoas estudadas e testaram milhares de células originárias do revestimento do trato urinário (encontradas boiando na urina). Concentraram-se nestas células porque elas podem ser adquiridas através de um procedimento não-invasivo e simples, e também porque o arsênio tem sido associado a doenças do sistema gastrointestinal.

Os pesquisadores estavam procurando especificamente micronúcleos, aberrantes crescimentos como-núcleo que se formam em células danificadas. Teste de micronúcleos é uma medida padrão de rastreio para os compostos que causam dano genético (por vezes referido como genotóxico), e que, portanto, são considerados como um risco de câncer. O arsênio é ligado a uma variedade de tipos de câncer em humanos, incluindo tumores malignos da bexiga e dos pulmões.

A Dieta do Arroz

Os cientistas também publicaram uma análise química do arsênio no arroz cozido fornecidos pelas cobaias. Como as pessoas testadas pegam o arroz do mesmo lugar durante todo o ano, tanto nos seus próprios campos ou campos vizinhos, os pesquisadores puderam calcular um nível consistente de exposição ao arroz em questão.

Quando foram analisadas as duas variáveis, os pesquisadores encontraram uma associação clara entre o nível de arsênio no arroz e do número de micronúcleos anormal nas células dos indivíduos testados. As descobertas foram publicadas na semana passada na revista Nature.

Em particular, os autores notaram danos celulares mensuráveis quando a concentração de arsénio no arroz era igual ou superior a 2mg/kg (ou cerca de 2 partes por milhão). Curiosamente, este é o nível de segurança para os compostos de arsénio inorgânico sendo propostos pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Estes compostos inorgânicos (um termo que significa que eles não contêm qualquer substância química de carbono) são considerados os compostos de arsénio mais venenosos.

Preocupação Crescente

Embora este seja o primeiro estudo que solidamente faz ligação entre o arsenio do arroz e dano celular, pesquisas anteriores demonstraram que o elemento é absorvido para dentro do corpo através do consumo de arroz. Um exemplo é um estudo de 2011 pelo médico epidemiologista Margaret Karagas e seus colegas do Dartmouth College.

O grupo de Dartmouth olhou para as mulheres grávidas na área de New Hampshire, que estavam comendo arroz regularmente. Eles descobriram que os níveis de arsênico na urina dessas mulheres eram de até 56 por cento maior do que em mulheres que evitavam comer arroz.

Os resultados recentes colocam nova ênfase sobre o porquê que importa: “Embora as preocupações sobre arsênio em arroz foram levantadas já há algum tempo, até onde sabemos esta é a primeira vez que foi demonstrada uma ligação entre o consumo de arroz com arsênico e danos genéticos“, disse o professor David Polya, que liderou a equipe de Manchester.

Polya acrescentou que o estudo “justifica o aumento das preocupações” sobre a adequação da regulamentação do arsênio no arroz e as preocupações exatas levantadas pelos defensores da saúde do consumidor nos Estados Unidos no mês passado, e no ano passado. O FDA, cutucado por organizações como a União dos Consumidores, estabeleceu um limite de segurança de arsênico em suco de maçã neste verão, em 10 partes por bilhão, o mesmo nível estabelecido pelo os EUA Agência de Proteção Ambiental para água potável. 

 
USP: Estudo detecta nível expressivo de arsênio em arroz

O arroz, um dos principais grãos da dieta do brasileiro, se não submetido a um controle de qualidade eficaz, pode apresentar uma concentração de variações do elemento químico arsênio acima do ideal. O alerta vem de uma pesquisa realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP. “Tal concentração elevada pode contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas, como o câncer”, observa o farmacêutico-bioquímico Bruno Lemos Batista, autor do estudo.

Batista identificou concentrações expressivas do elemento arsênio em diversas variedades de arrozes consumidos no País, tais como o tipo branco (polido), o arroz integral (sem polimento) e parboilizado (do inglês partial boiled, ou seja, parcialmente fervido) integral ou branco. As concentrações eram semelhantes às encontradas por outros pesquisadores na China, Índia, Bangladesh e Estados Unidos, regiões com solos que contam naturalmente com a presença do arsênio.

Nas análises, foram constatados níveis moderadamente elevados, na faixa dos 222 nanogramas (ng) de arsênio por grama (g) de arroz. O tipo integral foi um dos que apresentaram maiores concentrações, pois, em geral, o arsênio pode se acumular no farelo.

“Decidimos fazer a especiação química destes grãos, verificando que, em média, nossos grãos possuem ao redor de 40% do arsênio presente nas formas orgânicas, MMA e DMA, e 60% nas formas inorgânicas, As3+ e As5+, sendo que a AsB, dita não tóxica, não foi encontrada, similar ao encontrado por outros pesquisadores em outros países”, conta Bruno.

Considerando a média de arsênio no arroz e que o brasileiro consome 86,5 g desse grão ao dia, a ingestão de arsênio via arroz é pouco maior que via água em sua concentração máxima permitida para ingestão (10 microgramas [µg] de arsênio por litro de água), a partir da média de 2 litros de água diários. Bruno ressalta que o estudo trata da ingestão, e não absorção, desse arsênio presente no arroz pelo intestino. Durante os experimentos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) realizou uma consulta pública para concentração máxima de 300 microgramas de arsênio por grama de arroz (300 ppm).

Diversas variações da substância

O arsênio se apresenta na natureza (solo, alimentos, água) em mais de vinte formas diferentes, algumas mais e outras menos tóxicas aos seres humanos, outros animais e até plantas. Dependendo da forma e da quantidade ingerida pela pessoa este arsênio pode causar sérios danos ao organismo como o câncer, causado pelo arsenito, uma das formas de arsênio. Por outro lado, existem formas que, se ingeridas em grandes quantidades, não causam danos ao organismo humano como, por exemplo, a arsenobetaína, comumente encontrada em alimentos marinhos como o camarão.

O estudo buscou identificar essas variações da substância por um método de análise denominado especiação química de arsênio. Nesse processo são definidas todas as espécies (ou formas) de arsênio em uma determinada amostra e suas quantidades. As formas de arsênio são separadas por um instrumento de análise química chamado “cromatógrafo à líquido de alta eficiência”, ligado a outro instrumento para “quantificar”, chamado “espectrômetro de massas com plasma indutivamente acoplado”.

“No primeiro equipamento, as moléculas contendo arsênio em suas diversas formas passam por um aparato chamado ‘coluna cromatográfica’ que é nada mais que um tubo ‘recheado’ com uma substância que retém por mais tempo algumas moléculas por interações físico-químicas, e retém menos outras moléculas, por haver pouca ou nenhuma interação com esse recheio”, explica o pesquisador.

Após o primeiro processo, o segundo equipamento faz a quantificação do arsênio presente nessas moléculas. “Este instrumento de análise química é o mais moderno para este tipo de análise, conseguindo determinar baixíssimas concentrações com alta especificidade”, ressalta Batista, que alertou para a importância do preparo da amostra durante o procedimento. “Como não queremos ‘modificar’ as espécies de arsênio devemos utilizar um meio que as remova dos grãos de arroz, por exemplo, sem quebrar a molécula contendo arsênio”, completa.

Das vinte espécies de arsênio presentes no ambiente, as cinco vistas como mais importantes foram utilizadas como objeto de estudo. As variações mais importantes são assim classificadas por serem mais comuns, mais estudadas ou mais tóxicas. Entre estas espécies destacam-se, em ordem crescente de toxicidade, a arsenobetaína (AsB), dimetil arsênio (DMA), monometil arsênio (MMA), arsenato (As5+) e arsenito (As3+). “Assim, por exemplo, o As3+ é mais tóxico, gera mais danos a um organismo, que o DMA”, aponta o pesquisador.

Políticas de saúde

Para o pesquisador, a fiscalização sobre o que consumimos deve estar entre as principais diretrizes das políticas públicas e, no caso do arroz, essa proposta não muda.”Temos que procurar sempre a segurança através, no mínimo, do monitoramento da concentração de arsênio e suas espécies químicas, principalmente as inorgânicas e, na medida do possível e da necessidade, realizar pesquisas básicas para entendê-las num processo dinâmico desde plantas até o ser humano”.

Para Batista, outros alimentos também deveriam entrar nesse monitoramento, “focando tanto a quantidade de elementos que causam danos ao organismo, como o mercúrio presente no peixe da Amazônia, como na quantidade de elementos químicos essenciais ao funcionamento do nosso organismo, como o selênio na Castanha do Pará”.

Por Fernando Pivetti – fernando.pivetti@usp.br

Fontes: USP - Discovery Magazine - NCBI.NLM - Nature

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