Dilma e Lula: acaba de nascer a rebeldia em suas “crianças“
Dilma Roussef se reuniu com o ex-presidente Lula, em São Paulo, após a eclosão de protestos de rua pelo país. Qualquer jornalista teria dado qualquer coisa para assistir ao que ambos disseram neste momento em que o país está em chamas.
Ambos foram protagonistas de uma década de governo (doze anos) em que o Brasil ganhou como um país com uma vontade de mudança real, especialmente na esfera social, mas também econômica.
Tradução, edição e imagens: Thoth3126@gmail.com
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EL PAÍS – Juan Arias, 19 de Junho de 2013. Madrid – Espanha
O mundo acredita no despertar do gigante sulamericano, a cada dia mais forte no continente e mais integrado na geopolítica global. Dizia-se, talvez com ênfase indevida, que a história do Brasil foi dividida entre antes e depois de Lula e Dilma, o ex torneiro mecânico sindicalista e a ex guerrilheira que se elegeu presidente com a ajuda do primeiro mandatário trabalhador do país. O Presidente dos EUA, Obama chegou a dizer que Lula era o político “mais popular do mundo” e hoje se diz que Dilma é a “segunda mulher mais poderosa do mundo”.
A magia dos números levaram à uma realidade de cifras invejáveis de progresso: 30 milhões de pobres que passaram a participar no banquete da classe média, um país sem desemprego, com um sonhado crescimento econômico da Europa, criando uma força de confiança global que fez se outorgar e dar muito mais para o Brasil, em conjunto, a Copa das Confederações (2013), a Copa do Mundo de futebol (2014) e as Olimpíadas no Rio de Janeiro (2016).
Lula e Dilma eram como aqueles pais que se orgulham de ver seus filhos fora da pobreza, colocando roupa nova para ir à faculdade, por levar um celular no bolso, as chaves de uma moto e quem sabe de um carro. Mas os filhos cresceram, querendo saber mais sobre a vida e a política do que os seus pais, tratando melhor do que eles dois todos os labirintos diabólicos das modernas tecnologias de informação.
E começaram a fazer perguntas aos seus pais. E fazer até mesmo perguntas escabrosas (sobre corrupção). E o que era pior, até discordando deles. Eles chegaram ao extremo de reprová-los, algo que ainda não tinha sido feito, ou de censurá-los pelo que eles receberam, pois que estavam com (graves) defeitos, que os brinquedos funcionavam mal.
O pior eram as perguntas impertinentes, como quase todas as crianças que crescem fazem aos seus pais. Lula chegou a elogiar o sistema de saúde brasileiro, com uma frase que hoje ele preferiria esquecer. Ele disse que o sistema de saúde brasileiro tinha “atingido a perfeição”, e acrescentou que no Brasil até se torcia para se ficar doente para querer se desfrutar de um hospital.
As “crianças” (os filhos de Lula e Dilma) visitaram alguns desses hospitais e viram que era melhor ser saudável. Dilma e Lula estavam orgulhosos com o seu mundo, quando o país ganhou o direito de realizar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. E então iniciaram a gastar seus bilhões de dólares na preparação desses eventos. E explicou que esses projetos trariam para o Brasil a beleza, alegria e uma massa de turistas.
E as “crianças” que ascendiam de classe, pagando caro um ônibus público nas grandes cidades, aos empurrões, alguns tentando subir através das janelas, bem como sendo potencialmente assaltados e estupradas, em vez de serem felizes com os primeiros e mais modernos estádios de futebol do mundo , ingratos, começaram a dizer: “Nós podemos dispensar a Copa, mas não podemos prescindir de melhores transportes público, escolas e hospitais mais dignos“.
Todas essas coisas e muito mais apareceram nas manifestações e protestos de rua nas grandes cidades brasileiras, algumas ameaçadoras (para os pais) como “vocês não nos representam”, devem ser examinadas pelos “papai e mamãe” Lula e Dilma, enquanto o dólar subiu aos níveis de 5 anos atrás, as ações caíram e a inflação e o desemprego ameaçam disparar.
Houve “crianças” tão ingratas que até mesmo têm (via redes sociais na Internet) vindo a pedir a saída de Dilma da presidência. Mais de 140 mil haviam assinado esse pedido até esta manhã (dia 19 de junho). É como se a criança crescesse e se rebelasse, pedindo aos seus pais para caírem fora de casa. Injusto.
Eu não sei se você ou alguém sabe o que Dilma e Lula decidiram fazer e dizer aos seus filhos que se rebelaram e preferem viver na era pós-política. São filhos que para protestar e agir na sociedade já não precisam participar do partido (PT) ou do sindicato do “pai” (Metalúrgicos), ou ser levado pela mão por ele para protestar nas ruas contra o empregador.
Eu sei fazer sozinho e com maior liberdade. “Nós não precisamos ser de um partido político para nos indignar e protestar”, se dizia esta manhã no Facebook. Em São Paulo, uma pesquisa revelou que 80% dos 65 mil que tomaram às ruas não eram de nenhum partido. Dilma disse hoje (18 de junho): “Meu governo está ciente dessas vozes pedindo a mudança e está comprometida com a justiça social.” Ela acrescentou: “Essas vozes precisam ser ouvidas.”
Além disso, os “pais”, ao falar sobre as crianças rebeldes e em protesto, disse muitas vezes entre si: “Temos que ouvi-los”. Os “pais” Dilma e Lula certamente não deixaram o encontro com a vontade de ouvir, de dialogar com os rebeldes. O medo de muitos é que essas crianças podem não querer falar com eles. Eles podem preferir ter VOZ (E IDEIA) PRÓPRIA.
É um momento difícil e ao mesmo tempo apaixonante o que esta acontecendo neste instante da história no Brasil. Nos aspectos positivos que podem surgir a partir dos protestos, que já atinge quase todo o país, poderia servir de EXEMPLO aos países vizinhos do continente.
Somente as águas paradas que se apodrecem. Somente nas famílias em que aparentemente reina uma calmaria geralmente surgem as maiores tragédias. Melhor usar o grito, o protesto, dizem os psicólogos, do que engolir a raiva. De gritos, protestos e raivas, são feitas as biografias completas de Lula e Dilma.
Quem melhor do que eles mesmos, os “pais” para orientar estas “crianças” rebeldes para o crescimento político notando que hoje o mundo é diferente do que o mundo em que Lula e Dilma viveram, que a política de hoje já não pode mais ser feita na mesma medida que eles fizeram, com suor e sangue, e que as “crianças” querem ser mais protagonistas daquilo que esta nascendo do que coveiros daquilo que já está morto.
E quanto à afirmação muito perigosa de algumas “crianças” de expulsar os pais de casa pela força, por muito que mude a política, em uma democracia, só há uma forma legítima de fazê-lo, é pelo exercício do voto livre e no próximo ano os brasileiros (as “crianças”) vão às urnas.
No segredo da consciência poderão resolver seus conflitos. E eles também são leais a ética política. Ontem alguém fez esta pergunta importante, desta vez para os manifestantes: “Por que aqueles que hoje clamam contra os políticos corruptos (e a corrupção) votam neles nas eleições?”.
Via: Olhar para o fim
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