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sábado, 6 de abril de 2013

Kim Jong-un: ditador, estrategista ou marionete?


Seul – Kim Jong-un, o líder da Coreia do Norte, encarna o perigoso desafio nuclear de seu país, enquanto o mundo se pergunta se a misteriosa figura é realmente um ditador megalomaníaco, um estrategista rigoroso ou uma marionete à frente do regime.

Na vizinha Coreia do Sul, a maioria dos especialistas considera que o jovem dirigente monopolizou o comando absoluto do Partido dos Trabalhadores e do Exército Popular, os dois pilares básicos do Estado norte-coreano, e, portanto, possui poder para tomar as próprias decisões em relação ao país.

Kim Jong-un "deu suficientes provas de sua autoridade", pois "chegou há poucos meses aos cargos máximos" de secretário-geral do partido único e de comandante supremo do Exército, além de "nomear pessoas de sua confiança para postos-chave", disse à Agência Efe o analista político sul-coreano Shim Jae-hoon,

Por outro lado, outros especialistas acreditam que o dirigente é inexperiente demais e quem realmente dita os rumos do hierarquizado Estado norte-coreano são os "dinossauros" perpetuados nas elites do Partido e do Exército, como o influente Jang Song-thaek, tio paterno de Kim Jong-un, e um de seus principais mentores.

Este general, de 68 anos, é considerado o número 2 do regime e é o principal assessor político do sobrinho, o que seria um argumento em favor da teoria de que é Jang quem realmente toma as decisões neste sistema totalitário cujas "engrenagens" se mantêm no mais absoluto segredo.

Apesar das divergências sobre o papel de Kim, a maioria dos especialistas concordam que a recente campanha de ameaças por parte do norte na península coreana é mais uma estratégia política do que a vontade de iniciar uma guerra.

Após mais de um ano no poder, e depois de três resoluções da ONU que ampliaram as restrições comerciais à Coreia do Norte, Kim "está sob pressão" e "falta comida, ele precisa oferecer algo a seus cidadãos", o que, neste caso, é a unidade contra os "inimigos" do regime, afirmou Shim.

Por isso, o "líder supremo" pretende elevar a tensão para sair em vantagem em futuras negociações com os Estados Unidos e a Coreia do Sul, que podem oferecer ao país grandes concessões como a ajuda humanitária e outro tipo de assistência para atenuar a situação de escassez crônica.

Por outro lado, a juventude e a inexperiência de Kim Jong-un representam para muitos uma ameaça à segurança na península coreana, onde, nas últimas seis décadas, dirigentes veteranos dos dois Estados conseguiram evitar enfrentamentos em grande escala, apesar da existência de um clima de tensão quase que permanente.

"Os norte-coreanos parecem apostar em uma política de risco calculado, e querem levá-la até a real possibilidade de um conflito", explicou à Efe o principal negociador dos EUA com a Coreia do Norte entre 2005 e 2008, Christopher Hill. Ele também advertiu sobre o perigo de que "os limites sejam ultrapassados" e que ocorram incidentes graves.

Após a inesperada morte de Kim Jong-il, em dezembro de 2011, a chegada de seu filho mais novo – educado na Suíça – ao poder, como sucessor da peculiar dinastia comunista norte-coreana, criou expectativas sobre a possível abertura do regime.

No entanto, a Coreia do Norte de Kim Jong-un continuou a utilizar uma postura de regime fechado e hermético como escudo político e, sobretudo, reafirmou sua adesão ao "Songun", uma política estabelecida por seu pai e que tem como base priorizar os interesses militares do Estado.

Em contradição com esta intransigência política e militar, o jovem líder mostrou seu lado menos rígido ao assistir, no ano passado, a uma apresentação com personagens da Disney e, mais recentemente, recebeu o jogador americano da NBA Dennis Rodman – com quem estabeleceu uma amizade bastante peculiar – em Pyongyang, capital do país.

Estes atos, e outros detalhes considerados como possíveis indícios de abertura para o exterior, se tornaram, pelo menos por enquanto, simples lembranças que revelam a extravagância tanto do "líder supremo" como da dinastia comunista que, durante anos, pôs o mundo "em xeque" com o seu programa nuclear.

Fonte: Notícia Fínal

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