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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Golpe suave: Como a CIA derruba governos democráticos

Violência tomou conta das ruas de Caracas nos últimos dias| Foto: Efe

Por Vanessa Martina Silva, para o Portal Vermelho

Os venezuelanos estão denunciando, há meses, a existência de um plano de desestabilização do país. Nos últimos dias, diante do acirramento das ações da oposição, tanto o governo, quanto apoiadores da Revolução Bolivariana em toda a América Latina, apontam a deflagração de um Golpe de Estado Suave, que consiste em deslegitimar o governo para forçar a sua renúncia.

A técnica para derrubar governos de forma “suave” foi idealizada pelo cientista político e fundador da Instituição Albert Einstein, Gene Sharp. Baseados na não violência como ação política, a prática é utilizada há cerca de quinze anos pela CIA para derrubar governos considerados indesejáveis pelos Estados Unidos sem provocar indignação internacional. A práxis já foi empregada na Venezuela, em Honduras, no Paraguai e pode ser também observada nas “revoluções coloridas” no Oriente Médio.

O jornalista e ativista político francês, Thierry Meyssan, em artigo publicado pela Rede Voltaire, aponta que “quando o golpe fomentado pela CIA na Venezuela falhou em abril de 2002, o Departamento de Estado também recorreu à Instituição Albert Einstein. Esta aconselhou os empresários durante a organização do referendo revogatório contra o presidente Hugo Chávez.

Gene Sharp e sua equipe guiaram os líderes da Súmate durante manifestações de agosto de 2004. Seguindo a técnica que já se tornou clássica, estes últimos lançaram acusações de fraude eleitoral e exigiram a saída do presidente. Eles conseguiram levar para as ruas a burguesia de Caracas, mas o apoio popular ao governo Chávez foi demasiado forte para permitir que ele fosse derrubado. Assim, os observadores internacionais não puderam deixar de reconhecer a legalidade da vitória de Hugo Chávez” [1].

A ideia central de Sharp se baseia no princípio de que todo governo se deve à obediência das pessoas e se estas não acatarem as ordens, os líderes não terão poder. A não violência que defende é de uma “guerra investida em outros meios” já que para ele, “a natureza da guerra mudou no século 21. (…) Nós combatemos com armas psicológicas, sociais, econômicas e políticas”.

Em seus livros Da ditadura à democracia e A política da ação não violenta estão descritos 198 métodos para derrubar governos por meio de golpes suaves. Para ele a guerra “corpo a corpo” não é eficaz porque implica enormes gastos econômicos.

Imagem difundida pela TeleSUR

Na Venezuela o processo se dá de acordo com as seguintes etapas:

1ª etapa: abrandamento:

Desenvolvimento de matrizes de opinião centradas em déficits reais ou potenciais; promoção de fatores de mal-estar, como desabastecimento, criminalidade, manipulação do dólar, etc.; Denúncias de corrupção, promoção de intrigas e fratura da unidade.

Apesar dos esforços do governo para conter a criminalidade, combater a corrupção e ajustar a economia – temas em que os governos chavistas não tiveram tanto êxito – e apesar de Maduro ter convocado a oposição para o diálogo, a imprensa nacional e internacional veicula somente informações negativas sobre a gestão Maduro.

Empresários e especuladores nacionais e internacionais seguem manipulando o dólar e denúncias – não comprovadas – envolvendo a alta cúpula chavista foram disseminadas, o sistema elétrico do país apresentou graves falhas que levou a diversos apagões – o governo não descarta a ação de sabotadores.

Além disso, há uma campanha patrocinada diretamente pelo governo dos Estados Unidos que tem ajudado os opositores violentos com dinheiro e apoio político desde o começo, como denunciou a jornalista e advogada venezuelano-estadunidense Eva Golinger. Ela também denunciou o chamado “Plano Estratégico Venezuelano”, formulado pelos EUA em conjunto com o ex-presidente colombiano, Álvaro Uribe, com o objetivo de debilitar o governo nas eleições de 8 de dezembro.

2ª etapa: deslegitimação:

Manipulação do anticomunismo; Campanhas publicitárias em defesa da liberdade de imprensa, direitos humanos e liberdades públicas; Acusações de totalitarismo e pensamento único. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) – entidade de donos de meios de comunicação – lançou diversos comunicados dizendo que na Venezuela há censura da imprensa e que falta segurança para o livre exercício do jornalismo, conteúdo amplamente veiculado na imprensa internacional.

Apesar de ter incorporado os programas do chavismo a seu “plano de governo”, Henrique Capriles em seus discursos eleitorais enfatizava o fim da ajuda da Venezuela a Cuba, à Bolívia. Em seu discurso durante a campanha de 2012, foi enfático: “o que o socialismo do século 21 fez por Caracas? A única coisa que o governo fez pela população foi a construção de casas”.

3ª etapa: esquentamento da rua:

Montagem dos conflitos e fomento da mobilização nas ruas. Elaboração de uma plataforma de luta que globalize as demandas políticas e sociais. Geração de todo tipo de protestos, expondo falhas e erros governamentais. 

Organização de manifestações, fechamento e tomada de instituições públicas que radicalizam a confrontação. Este é o atual momento em que vive a Venezuela. A manipulação das informações do que ocorre no país chegou ao Twitter. Imagens manipuladas, descontextualizadas e falsas estão circulando por todo o mundo com supostos atos violentos da polícia bolivariana.

O líder opositor Leopoldo López convocou as pessoas a irem às ruas com a campanha “A Saída” pedindo textualmente a derrubada de Maduro por meio de um golpe. Apesar de estar nas ruas, a oposição não tem uma plataforma clara de reivindicações que não a queda do regime constitucionalmente eleito.

Desde o dia 12 de fevereiro, quatro pessoas já morreram vítimas de violência durante as manifestações. O governo pediu que os casos sejam investigados e não descarta a ação de franco-atiradores, também cogita a possibilidade de que a vida dos opositores corre risco e que algum deles pode sofrer algum atentado para comover a opinião pública internacional.

4ª etapa: combinação de diversas formas de luta:

Organização de marchas e tomada de instituições emblemáticas, com o objeto de cooptá-las e convertê-las em plataforma publicitária. Desenvolvimento de operações de guerra psicológica e ações armadas para justificar medidas repressivas e criar um clima de ingovernabilidade. Impulsionamento de campanha de rumores entre forças militares e tratar de desmoralizar os organismos de segurança. 5ª etapa: fratura institucional:

Sobre a base das ações de rua, tomada de instituições e pronunciamentos militares, obrigando a renúncia do presidente.[2] Este é o mesmo processo pelo qual passaram a Geórgia, Sérvia, Líbia, Paraguai e Honduras e pelo qual estão passando Tailândia e Síria.

Longe do que podem imaginar alguns setores da sociedade brasileira, incentivados por analistas da imprensa tradicional, o interesse dos Estados Unidos pela América Latina é crescente e não descendente.

A Venezuela possui uma das maiores reservas de ouro negro do mundo e tem nos Estados Unidos, ainda, seu principal comprador. Além disso, o auxílio que o país bolivariano dá a outras nações do Caribe e da América Andina por meio da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba), tem um caráter emancipatório que não interessa aos interesses imperialistas do gigante do norte.

A guerra midiática continua. Como armas, os chavistas têm os dados econômicos dos últimos quinze anos, os benefícios sociais e o empoderamento da população que está organizada e informada em defesa da Revolução Bolivariana. Como cantavam os ativistas brasileiros que nesta quarta-feira (19) se reuniram diante do consulado venezuelano em São Paulo, “Recua, golpista, recua. O poder popular tá na rua”.

Notas:

1- La Albert Einstein Institution: no violencia según la CIA em Voltair e net

2- Manual de autoajuda para golpes de Estado “brandos” em Desacato.info

Fonte: Vermelho

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