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terça-feira, 1 de maio de 2012

O povo contra McDonald

 
Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles num pão com gergelim. Esta, como até as crianças sabem, é a fórmula do Big Mac, o indefectível sanduíche da cadeia McDonald’s. Mas até quando se manterá assim? Inaugurada em 1948, a empresa anunciou neste começo de janeiro que em breve mudará a receita e mexerá em ingredientes tradicionais de sua linha de produtos. A bem da verdade, há quase um ano seus mestres-cucas já vêm cortando gorduras, diminuindo quantidades de sal e tentando travestir o menu com roupagem mais saudável. As batatas fritas, por exemplo, já não são mergulhadas naquela alquimia oleosa, cujo segredo do sabor era a inclusão de banha animal. Esse detalhe, diga-se, foi o estopim da revolução por que passa agora a velha rede. Hindus da seita sikh vivendo nos EUA, vegetarianos acostumados a comer as batatinhas, descobriram que o gosto especial da iguaria era creditado à gordura de carne de vaca. O bicho é sagrado para esses fiéis. O processo que moveram deu um prejuízo de US$ 12 milhões aos bolsos de Ronald McDonald, num acordo fora da corte em março do ano passado. Em novembro viria outra pancada: em nome de crianças gordinhas, o advogado Samuel Hirseh entrou na Corte Federal de Manhattan com uma ação popular contra a empresa. Diz que a origem de males como diabete, pressão alta e obesidade mórbida em seus clientes se deve ao cardápio da casa.

O processo, é claro, virou piada na boca do povo, mas em Oak Brook, no Estado de Illinois, onde está plantada a sede da McDonald’s, ninguém está rindo. "Esta ação é frívola, mas suas consequências podem ser sérias", afirma Walt Riker, o porta-voz da empresa. Ele está coberto de razão: mal a briga começou, as ações da companhia na Bolsa de Valores de Nova York tiveram sua maior desvalorização em sete anos. Em dezembro, após todos esses baques, a McDonald’s anunciava o primeiro prejuízo de sua história, fechando o último trimestre de 2002 com perdas de US$ 390 milhões. "Existem paralelos entre esta ação e aquela contra a indústria do tabaco. Em ambas, alega-se que as empresas não alertaram seus clientes dos perigos à saúde que poderiam ocorrer com o consumo de seus produtos. E essas coisas, quando começam, acabam criando vida própria", avalia o jurista John Braker, co-presidente da Associação dos Advogados de Nova York.

Diabete – De concreto, o que se apresenta diante do juiz são dez adolescentes. Juntos, eles perfazem uma tonelada. A balança da Justiça deverá decidir se o consumo conspícuo de Big Macs, milk shakes, batatinhas e outros itens foi incutido como vício nesses jovens, causando a cada um sérios problemas de saúde. "Não sabia que a comida do McDonald’s fazia mal a meu filho. Pensei que era algo saudável", jurou Ruth Rhymes ao juiz. Ela é mãe de Gregory Rhymes, 15 anos, nove dos quais vividos com várias refeições diárias num McDonald’s. Ele pesa 182 quilos, embutidos em 1,70m. "Normalmente peço Big Mac com fritas, Coca-Cola e sorvete. Tudo em tamanho super", disse o garoto a ISTOÉ.

Jazlyn Bradley, 19 anos, 102 quilos e 1,68m, faz sua lista. "Começo o dia com McMuffin (sanduíche de ovo frito com queijo) e termino com Big Mac e torta de maçã", conta. Ashley Perlman, 14 anos e 1,57m, vai de Happy Meal (cheeseburguer, fritas, refrigerante e biscoito), pois é colecionadora ávida dos brinquedos que vêm com o lanche. Colecionou também gordura e colesterol: está com 100 quilos. Essas pessoas têm em comum, além da ação, os rigores da diabete. "A rede sabe que se uma criança se a#000nta lá mais de uma vez por semana, ela pode desenvolver diabete. Mesmo assim, não faz alertas", diz o advogado Hirseh. "McDonald’s virou uma coisa tóxica insinuante. Ninguém acha que pode ser insalubre", completa.


 
MUDANÇA: A cadeia anunciou que pretende mexer nos ingredientes tradicionais

A empresa se defendeu, a princípio, pedindo o arquivamento do processo. "Uma pessoa não fica gorda da noite para o dia", argumenta o advogado da rede, Brad Lerman. "Além disso, a Associação Americana de Diabete diz que qualquer comida pode ser servida numa dieta saudável e que a obesidade é causada por vários fatores, como vida sedentária", explica. O juiz não parece ser muito favorável às crianças diabéticas. A começar por seu nome, Robert Sweet ("doce" na tradução). Ele já arquivou dois processos vinculados à causa, mas ainda está para decidir se deixa a ação principal continuar. De qualquer modo, a McDonald’s está atenta. No Brasil, desde dezembro a rede fornece tabelas com os valores calóricos e o perfil nutricional de seus lanches (o Cheddar McMelt, por exemplo, tem 460 calorias e o Big Mac, 490). Na França, a filial local já fixou em suas paredes alertas sobre os perigos do consumo frequente dos produtos. Se o juiz Sweet deixar a briga continuar em Nova York, a moda pode pegar. É possível que, em breve, as embalagens venham com o aviso. "O Ministério da Saúde adverte: este hambúrguer faz mal à saúde."

Revellati Online

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